Como os hábitos mudam as nossas vidas

Como os hábitos mudam as nossas vidas

Como os hábitos mudam as nossas vidas 650 487 AutoGestão

Texto adaptado do livro O Poder do Hábito – Charles Duhigg

No início da década de 1900, Claude C. Hopkings, um bem sucedido executivo americano, foi abordado por um amigo com uma nova ideia comercial: um produto que seria um sucesso. Hopkings era um publicitário reconhecido no meio, especialista em criar novas abordagens para estimular o consumismo. Até hoje estas regras são fundamentais no meio publicitário, para a criação de qualquer nova rotina.

Naquela época praticamente ninguém usava pasta de dente. Apesar dos problemas dentários da população, não havia este hábito. No entanto Hopkings resolveu aceitar o desafio de vender este produto e cinco anos depois transformou a pasta de dentes Pepsodent em um dos produtos mais vendidos do mundo. Ajudou a criar o hábito de escovar os dentes deixando a população mais saudável.

Procurou encontrar estímulos simples para convencer as pessoas de que a escovação seria muito importante para as suas vidas. Em sua busca, descobriu que nos dentes havia uma película que os deixava mais escuros.  Então chegou à conclusão de que para deixar os dentes mais brancos e brilhantes seria necessário eliminar a tal película e, por consequência deixando as pessoas mais bonitas. Para Hopkings seria preciso estabelecer a regra de ouro do hábito:  Primeiro identificar a deixa: “Película dentária que deixa os dentes escuros”; em seguida estabelecer uma recompensa: “Dentes bonitos e brilhantes”, e, finalmente estabelecer uma rotina: “Escovação diária”.

Este mesmo princípio tem sido utilizado para criar milhares de outros hábitos, muitas vezes sem que as pessoas se deem conta de que o estão seguindo.

Funciona mais ou menos assim:
• Primeiro há uma DEIXA, um estímulo que faz o cérebro identificar qual comportamento deve lançar mão automaticamente, ou seja, qual comportamento deve adotar. Estudos mostram que uma DEIXA pode ser um local, uma parte do dia, um certo estado emocional, outras pessoas ou até um padrão de comportamento que dispara automaticamente uma certa rotina.
• O próximo passo do Loop do Hábito é a ROTINA, o comportamento em si. A rotina pode ser física mental ou emocional.
• O último passo é a RECOMPENSA. Ela é o maior influenciador, pois é por ela que os hábitos existem, para que possamos obter a recompensa que queremos.

E no nosso dia a dia profissional, como conseguimos colocar em prática este conceito? Trago uma experiência vivenciada há pouco tempo com minha própria equipe e que irá exemplificar o processo.

Ao observar e conversar com meus pares, equipes e chefia pude verificar uma insatisfação por falta de acompanhamento e reconhecimento profissional, queixa recorrente dos meus colaboradores que levaram a equipe a não se sentir produtiva. Ao detectar tal situação, ou seja, uma equipe insatisfeita com a minha gestão, percebi a DEIXA de um hábito meu.

Portanto havia uma necessidade urgente de mudança. A primeira atitude foi modificar a ROTINA. Neste caso estabeleceu-se um formato diferenciado de acompanhamento semanal. Foi criada uma planilha com todas as atividades que cada integrante da equipe deveria realizar semanalmente. Prazos, qualidade, resultado e feedback fizeram parte de todo este processo de acompanhamento em minha gestão.

O resultado, ou melhor, a RECOMPENSA? Uma equipe mais realizada e feliz com seu trabalho. A proposta fez com que a equipe entrasse em total sintonia tendo maior visibilidade nas entregas e ficando mais satisfeita. Houve melhora substancial na produtividade. Tudo isso me levou a estar satisfeita, me sentindo mais competente como líder e gestora de pessoas, sendo reconhecida inclusive pelos meus colaboradores, pares e chefia.

Entretanto, vale ressaltar que esta rotina e mudança de hábito não ocorreu da noite para o dia. Interferências do dia a dia me levavam a voltar até a zona de conforto tentando fazer com que continuasse a desenvolver os velhos hábitos de não estar em conexão direta com a equipe. Foram necessários seis meses, ininterruptos. Um dos pontos positivos desta mudança é que a própria equipe cobrava essa nova rotina e forma de trabalho. Isso me levou a crer que estavam interessados em todo o processo de mudança.

A mudança de hábito fez com que sentisse a necessidade de realizar o acompanhamento, possibilitando mais visibilidade das entregas da área e da distribuição das tarefas. Com o passar dos dias percebi que tive mais tempo livre para realizar outras entregas já que não tinha mais tantas interrupções e frequentes reuniões que, normalmente não eram tão produtivas. Ampliando minha RECOMPENSA.

Os hábitos não são inevitáveis. Podem ser ignorados, alterados ou substituídos. Charles Duhigg em seu livro O Poder do Hábito, concluiu que em primeiro lugar é necessária uma rotina de observação para conseguir compreender o funcionamento do hábito e identificar o Loop do Hábito, conseguindo assim compreender quando e porque o comportamento se estabelece, e qual é a recompensa. Somente depois é possível buscar novas formas de atuar em relação à eles.

Nosso cérebro está constantemente buscando formas de poupar esforços para economizar energia. Os hábitos permitem que se faça menos esforço, desacelere, promovendo assim o desenvolvimento de novas atividades e ideias sem o gasto de energia que necessitamos quando estamos iniciando este processo de aprendizagem.

A partir do momento que você tenta estabelecer uma nova rotina, o cérebro resiste, pois está acostumado a repetir um padrão antigo estabelecido em que não há tanto gasto de energia.

Para adquirir um novo hábito, uma ação necessita ser repetida por muitas vezes até que seu cérebro vincule determinada ação ou comportamento e compreenda com o passar do tempo, antecipadamente, qual será a RECOMPENSA. Esse processo é denominado de senso do anseio. Portanto o cérebro sente antecipadamente a sensação de bem estar provocada pela recompensa.  Ao perceber esta possibilidade há um desejo incontrolável, quase que instintual de realizar a ação, pois o cérebro já identificou o prazer da recompensa. Quando isso acontece o novo hábito está formado. Isso ocorre, não de forma racional, mas automaticamente frente ao estímulo ou DEIXA.

Esta descoberta é muito importante. Revela que quando um hábito surge o cérebro para de dispender energia para decidir qual ação deve realizar diante de determinado estímulo.  Ele simplesmente identifica o padrão de comportamento já memorizado que deve ser utilizado para determinada situação, o que gera menos esforço e um alto índice de satisfação.

Então, quais são os hábitos que você quer mudar? Utilize este modelo e mude comportamentos que te atrapalham no alcance dos seus objetivos.