Essa história remete de quando eu e minha família retornamos ao Brasil. Era 29 de fevereiro e desembarcávamos no país, após 10 dias de muita diversão nos parques em Orlando. Um grande sonho realizado – curtir juntos as férias no Walt Disney World. Seria impossível fazer uma viagem como essa, trabalhar com Desenvolvimento Humano e, não estar extremamente ligada em detalhes que me ajudaram a compreender a grandiosidade do legado construído e partilhado por Walt Disney e, em continuidade, por todos aqueles que se engajam nos trabalhos dos parques. Em cada um dos quatro complexos se consegue compreender a importância de amar o que se faz, aliar propósito com trabalho e ter plena consciência do que significa “legado”.
Chama atenção a forma como você é recebido pelos profissionais de segurança, assim que chega ao parque – um sonoro bom dia. De cara, você observa a cortesia e a preocupação dos funcionários responsáveis pela revista da sua bolsa/mochila que desejam saber de onde você vem, se essa é a sua primeira vez na Disney. Eles estão atentos a tudo, a cada palavra que você fala. E mesmo que não dominem o nosso idioma, se esforçam para se comunicar e falar pelo menos uma palavra do nosso vocabulário. As filas de algumas atrações por si só já são especiais, elas nos transportam para dentro do brinquedo mesmo antes de se chegar nele.
Em cada personagem há carisma e empatia, há cuidado e carinho com toda e qualquer pessoa. O storytelling que enche seus sentidos e facilita a entrada no mundo da fantasia, tão necessário para que não percamos o nosso lado puro, singelo e inocente o qual, por vezes, fica sufocado devido às muitas responsabilidades que temos. Nos shows do castelo do Magic Kingdom e do Fantasmic pude ver pessoas de todas as idades se comportarem como crianças maravilhadas e emocionadas por viverem aquele momento.
Mas, em dias tão turbulentos será que vale a pena pensar e falar sobre essa questão?
Eu acredito que sim. É necessário, principalmente porque agora as pessoas estão sendo impelidas a parar e olhar para si, já que a reclusão provoca a reflexão. O ócio pode ser extremamente criativo e produtivo, porque nos damos o direito de pensar por pensar. Os pensamentos sobre tudo que fizemos ou deixamos de fazer, sobre o que desejamos fazer e, não nos organizamos para isso, sobre desejos que escondemos de nós mesmos, mas que neste momento afloram com facilidade. E é neste momento que ficamos ainda mais impactados pela fragilidade da nossa vida e pensamos – o que desejo deixar como meu legado para o mundo?
Vale aqui uma reflexão cuidadosa ancorada por perguntas e, mesmo ferramentas que podem ajudar você a se perceber, conhecer e compreender melhor.
O que você anda fazendo além de trabalhar às vezes em atividades que pouco tem a ver com você? Como anda seu nível de satisfação com o seu trabalho, com o seu emprego, com o seu empreendimento? Como tem equilibrado vida profissional, pessoal, familiar e social? Quais as suas fortalezas e armadilhas? Quais as oportunidades e ameaças que você visualiza hoje? Como você pode utilizar o seu melhor para construir o legado que deseja deixar?
Acredito que quando o olho do furacão desta pandemia acalmar, o mundo não será o mesmo porque as pessoas nãos serão as mesmas. As mudanças chegaram muito rapidamente, sem que pudéssemos nos organizar e planejar, comprovando que vivemos no mundo VUCA (termo vindo do inglês que une as palavras volatility, uncertainty, complexity e ambiguity) e que traduzindo, nada mais é que um ambiente cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo.
E cada vez mais seremos provocados a assumir a Postura Protagonista, pois ela é fundamental para que fiquemos no palco da nossa vida e, não na plateia vendo a nossa vida passar.