A imagem que abre este meu artigo é da revista Galileu de julho de 2009 com a reportagem O futuro do trabalho, produzida pela jornalista Rita Loiola que consultou dezenas de estudiosos no assunto.
Parece que faz muito tempo, não é? Mas, ela é extremamente atual, quando constato tudo o que está acontecendo no mundo hoje.
Esta reportagem teve um impacto enorme na minha vida profissional desde então e, por que não dizer vida pessoal? Por isso, guardei a revista cuidadosamente.
Em 2009, viúva há um ano com uma filha com menos de 10 anos eu já tinha escolhido o caminho da Consultoria fazia algum tempo – tinha renunciado ao holerite em busca do que fazia mais sentido na minha vida – trabalhar sem ser empregada porque acreditava firmemente que era possível escolher entre diferentes modelos, aquele que era o melhor para cada pessoa. Como consultora associada, prestava serviços na Acta RH e, conduzíamos processos de Assessment em diversas empresas. E foi neste ano que passamos a trabalhar com Transição de Carreira, representando a DBM em Curitiba.
Ler esta reportagem abriu um novo cenário na minha mente porque vi claramente que o mundo do emprego estava fadado a mudar e, em 2020 seria muito diferente do que vivíamos. Foi um pouco assustador (como os estudiosos que contribuíram para esta reportagem podiam saber de tudo isso?) e, passei a estudar muito mais sobre o que acontecia no mundo, seguindo e acompanhando cada mudança que se dizia que iria acontecer.
Esta consultora está navegando na maionese
Muitas vezes nos Workshops que eu conduzia sobre Transição de Carreira colocava minhas observações sobre o que estava acontecendo e o que tudo iria gerar no mundo do Emprego X Trabalho para os clientes, trazendo a reportagem como exemplo. Várias vezes, senti que não acreditavam em mim e, deviam pensar: “esta consultora está navegando na maionese”.
Pouco a pouco as mudanças foram acontecendo. Vamos falar de algumas sugeridas nesta reportagem que ocupou 12 páginas da Galileu e, os impactos no comportamento das pessoas que eu venho observando e estudando?
Primeiro os hubs e, depois os coworkings, o aumento gradativo do trabalho em home office, dando início à redução do número de escritórios e descentralizando os locais de trabalho. A enorme evolução da IE, da tecnologia que têm roubado muitas funções, muitos cargos, mas também aberto muitas novas portas. O início do “fim do holerite”, exigindo e possibilitando que pessoas começassem a se reinventar e, conseguissem ser mais felizes na sua atividade profissional.
Vamos salvar o planeta
O aumento de número de empresas que se preocupam, verdadeiramente, em ajudar a “salvar o planeta” – os “greens jobs”. O aumento das mulheres no topo, ainda não na velocidade desejada, mas real. Ressalto aqui o impacto das mulheres que são presidentes de países e, presidentes ou proprietárias de empresas e, suas ações no momento que vivemos. Como gosto de olhar para dentro – Luiza Trajano e sua grande influência em tudo que atua. A descentralização do poder e, a “aposentadoria” da aposentadoria, ancorada principalmente no Você é o seu trabalho, portanto, trabalhar com algo que tenha um significado maior do que a busca financeira.
Tudo isto vinha acontecendo ao longo dos anos, mas agora passou a acontecer vertiginosamente em 2020. Mas…por que eu trouxe tudo isso?
Porque as mudanças para acabar com o que considerávamos o “mundo normal” foram aceleradas com a chegada desta pandemia. O “normal” que estávamos acostumados não existe mais. Estamos começando a construir um “novo normal”.
Vemos empresas que já trabalhavam ou não com o modelo home office estudando possibilidades de manter esse modelo para sempre ou, estudando o modelo híbrido, percebendo que os resultados acontecem da mesma forma ou até melhor, porque o ganho de qualidade de vida é real. Vemos restaurantes que não tinham delivery mantendo seu negócio dessa forma e, compreendendo que podem continuar com delivery mesmo quando abrirem suas portas.
Vemos pessoas tentando se adaptar a trabalhar em casa para que possam viver melhor. É claro que neste início se trabalha muito, as pessoas ainda têm receio que o gestor ache que ele não está trabalhando, o estresse está acontecendo. Mas aos poucos o ponto de equilíbrio virá.
Como tudo, existem prós e contras.
Vemos empresas fechando, sejam grandes ou pequenas, pessoas sendo demitidas. Isso me entristece e preocupa muito. Procuro ajudar, apoiar, mesmo que seja com uma conversa, usando a minha escuta ativamente, realizando mentorias voluntariamente, ajudando em instituições e casas de apoio. Enfim,……busco fazer a minha parte.
Profissionalmente na Autogestão, estamos aprendendo, nos reinventando, criando novos serviços, atendendo clientes e novos clientes em formatos diferentes. Nem sempre é fácil, mas é fundamental na nossa atuação.
Crescer na crise é desafiador!
A minha provocação é para você. O que fará? Será piloto ou passageiro? Será protagonista e, trabalhará para fazer a sua parte, sabendo que nem sempre conseguirá tudo o que deseja na hora que deseja? Estará pronto para o “novo normal”?
Lembre-se: o momento de transição é delicado, pode ser angustiante, mas também é um momento de reflexão, de redescobertas, resgates e aprendizagens.
Pessoas continuarão sendo essenciais para fazer a Diferença e, como disse em 2009, na mesma reportagem da Galileu, o professor do MIT Thomas Malone, que era considerado o profeta do trabalho: No futuro, os profissionais vão transformar-se de empregados para empregadores independentes. Isto é: eles terão não apenas um “emprego”, mas um “portfólio de projetos”.